sexta-feira, 18 de novembro de 2011



Ele não entende o que aconteceu com sua vida.
"Quase sem querer, acho até que estou indo bem,
só apareço por assim dizer, quando convém aparecer..."
A felicidade andava ao seu lado, mas não era a única.
Espíritos do mal disfarçados também corriam junto.
Resolveu limpar suas chagas. Afastar os encostos, esticar as pernas.
O preço foi alto, prometeu-se muito.
Pouco se viu cumprir.
Mas se entende um investimento a longo prazo.
Hoje está mais tranquilo, só a falta constante de seu filho dói mais
Ainda assim não se pode chorar uma fatalidade.
Apenas a crueldade do mundo, feminina, para ser específico.
E nesse aspecto parece ter azar.
Não que seja diferente no jogo
Mas no feminino as discussões sempre são longas e pesadas
Teme pelo amor de seu filho e isso o está transformando.
Por um lado positivo que o faz amadurecer
Por outro o faz desistir de sonhos.
Antes, acreditava que amadurecimento era realização de sonhos
Hoje percebe que é abrir mão deles por necessidades.
Afortunados são aqueles que conseguem conciliar as necessidades e os sonhos
Afortunados os que conseguem levantar e ser curingas de Jostein Gaardner, filósofos do dia-a-dia, com sede de vida.
Para ele, viver era levantar da cama/ringue de manhã para apanhar e cair à noite.
A vantagem era que começara a ficar habilidoso em desviar dos golpes.
Tinha aprendido finalmente a pedir ajuda.
Começou a se enrijecer.
Buscou refúgio mental e espiritual,
Conformidade com a rotina e prazer no lento retorno que poderia um dia ter.
Esperança é algo que se tem quando não se tem.
A poesia muda quando sua vida mudou.
E sua frase então se tornou
"Quem não tem prá quem se dar, o dia é igual a noite"

Era bailarino, hoje é funcionário, e
quando se foi bailarino será para sempre funcionário
sonhando ser bailarino
o filósofo sonhando ser borboleta.

Nenhum comentário: