quarta-feira, 9 de novembro de 2016

A questão é entender a diferença do processo de pensamento. Tudo passa por aí em verdade. O que observa-se de si e do mundo, carregado de culturas, vivências e visões produz à si, conceito e não a outro conceitua-se. O desvio da denominada personalidade humana é apenas reverter esse conceito para si mesmo e assim entrar em moto-contínuo no eterno retorno do conceito sobre qualquer coisa. Em nosso desenvolvimento adquirimos a necessidade classificatória do mundo e do outro. Para que vale? Para quem? Valer tem importância? E à quem ou o "quem" tem também?

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A última desceu quente. Memórias vão e vem em determinados momentos nada oportunos. Olfato, mais animal de todos os sentidos e, historicamente falando segundo Darwin, cada vez menos desenvolvido pelo homem em geral (não neste caso), se tornara seu pior inimigo. Portador de memórias terríveis e momentos infantis saudosistas, controlava seu corpo e sua mente como sequestrado de Estocolmo invertida e, por ter sido tão maltratado, agora maltratava com o prazer de quem conhece intimamente seu inimigo e alcança a milagrosa chance da vingança. Na última memória ele se divertiu. Instantaneamente mandou estímulos ao Neutro Cérebro, daquela época tão inacreditável e que apesar de se lutar sempre, não se distancia nunca. Ela estava ali novamente, presente, apesar de ainda invisível. Uma memória. Uma repetição de anos, de uma importância que ainda não se entende a existência. Os últimos anos seriam de treino: enviava, distraído em um ônibus, na rua ou mesmo no momento íntimo da divisão de toques e narizes, simples sinapses. E como ali se deleitava. Fazendo dupla personalidade no auge do prazer se engrandecia e ao mesmo tempo azucrinava o gozo com momentos de maldade dignos de filme clichê estadunidense. Até mesmo a risada ecoava daquele gigante nariz vingador.

Mas é verdade também que a culpa não passava longe da porta dos grandes mestres daquela máquina. Neutro em verdade nada tinha de "em cima do muro". Outro fanfarrão vivia em guerra com o Olfato e muitas vezes nem sabia-se de onde vinha a primeira provocação. O que se sabia é que o resultado seria o mesmo. A guerra entre sentidos passava a criar políticas e ganhar aliados. Logo se instalou e Olfato passou a dominar diferentes territórios. Chegou a se colocar como imperador de todas as memórias e assim se vingou completamente de seu antigo sequestrador. Faltaria apenas o golpe final, vencer Neutro e destruir todas as memórias.

E aqui não há reviravolta. A vida acaba ainda que dentro de sua mente. Ainda que covardemente lhe falte forças para terminá-la totalmente. Amaldiçoa a si mesmo a vagar com Édipo. Cego e sozinho. Resta-lhe apenas destruir, sequestrar e subjugar novamente Olfato.

sábado, 19 de março de 2016

Dias tensos.

Parte I

Após a lavação de alma (que não é ainda crime) de ontem na paulista, fiquei estarrecido com a decisão do STF de Gilmar Mendes. Senti um terror que se aproxima, já muito perto... ainda duvidava de minhas próprias teorias de conspiração. Duvidava, com esperança, que ainda o pior poderia acontecer, ou estivesse acontecendo, mesmo quando a nova liminar que impede a posse de um ministro empossado dentro da lei, ainda que, sim, em caráter de estratégia de guerra (ué, nada me parece mais natural), tivesse a dura realidade de colocar sobre o País a possibilidade de prisão de um dos maiores líderes politicos que esse país teve até hoje. Para mim esse era o máximo que poderia acontecer. Ok, só teremos resultado após a Páscoa, caso a prisão não se efetive até lá, vamos continuar a militância.


Parte II

Um dos programas que eu e meu filho mais gostamos de fazer é ir ao cinema. E hoje fomos assistir um filme chamado Zootopia que, coincidentemente, narra a história de uma coelha do "povo", que deseja ser policial em um mundo que no passado havia sido dividido entre predadores e presas fáceis. Talvez pela tensão atual, talvez por distração da minha parte, mexi algumas vezes no celular durante o filme. Silenciosamente em uma sala praticamente vazia, onde as poucas crianças e seus pais conversavam abertamente sobre o que quisessem a qualquer momento, como uma sessão da tarde na sala de casa. Era me atualizar ou dormir junto aos violinos melancólicos da disney. 

Eis que ao sair, conversando com meu pequeno, um homem em torno de seus 40 e poucos anos, me aborda com a máxima da educação: "da próxima vez enfia esse celular na bunda". Rapidamente me fazendo de trouxa e desentendido, pedi q ele repetisse a frase. E eis que com o dedo em riste na minha cara, ele repetiu. Da próxima vez enfie esse celular na sua bunda. O coração bateu rápido, senti suor na minha mão instantaneamente e ao sentir minhas mãos senti também a de meu filho que me apertava, apavorado. 

Sinapses rápidas me fizeram perceber. Meu filho, vestido com o uniforme da escola de futebol, todo vermelho, eu carregando sua bolsa também vermelha. Em segundos minha postura passou de defesa passiva a ataque enquanto a personificação ambulante da palavra COXINHA, caminhava à minha frente dando as costas. Passei a chamá-lo de volta. GOLPISTA! REACIONÁRIO! VEM ENFIAR AGORA! IDIOTA BABACA! Nenhuma manifestação de outrem ao meu redor. Apenas meu filho que sentindo minha indignação pediu para que eu não arrumasse briga. 

Ao sair do corredor que ligava a sala de cinema ao shopping, passei a falar alto e em bom tom minha opinião sobre essa direita de bosta que ataca com jogo sujo e golpes baixos qualquer pessoa que opte por algo que não seja o que ela mesma deseja em benefício próprio. Se ouviram falar de alguém que saiu do shopping gritando "Não vai ter golpe" hoje, esse era eu. Vi pessoas atrás dos balcões apoiando com olhares, seguranças fazendo vista grossa para não reprimir minha atitude que chamava atenção e ainda, muitas pessoas que não olhavam, mas através de suas não-atitude, percebi que me condenavam.

Porém foi a primeira vez que encontrei um desses justiceiros. Foi a primeira vez que quase apanhei na frente do meu filho, e pela mesma razão (usar vermelho) teria que defendê-lo. Todas as teorias de conspiração foram confirmadas. A irresponsabilidade de Juízes do Supremo e primeira instância, colocaram esse país em guerra civil. Não estamos sofrendo um golpe. Já foi dado o golpe. Algo que demorei a entender, em um país onde a constituição (separação dos poderes) não vale mais nada. 

É preciso que se grite individualmente, não apenas em manifestações. É necessário que se mostre a cada momento que não somos loucos, doentes, viajando sobre um golpe que não irá acontecer. Sim. Aconteceu.

A partir do momento que um juiz é um herói por cometer um crime, todo criminoso se torna inocente. A partir do momento que a OAB apoia um impeachment sem provas, qualquer idiota levanta o dedo na sua cara e fala o que lhe vier à cabeça. 

Como dizem os estadunidenses "enough is enough". E como dizia Che, "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura". Atualmente derrubo parte de Che de meus conceitos. Acabou a ternura. Aqui só tem endurecimento. Devemos nos preparar para o pior e mostrar nas ruas o tempo todo que não aceitamos esse golpe. Gritem de suas janelas, em pequenas aglomerações, em reuniões de condomínio. Não esperem a próxima jogada, a próxima manifestação. Ou mudamos o sistema ou essa história se repetirá eternamente, e logo, a minha história também se repetirá com você. É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte. 

Só me arrependo de não ter conseguido tirar uma foto do pulha. Como com muitos, comigo quando o sangue esquenta, a inteligência esfria. 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Pensamentos em Lynch



Apenas se conhece assim. Uma cabeça voltada para o mundo com uma projeção holográfica através dos olhos onde desenvolvem-se tantas tramas e cenas sobre possibilidades de sua própria trajetória. Ainda que falte a firmeza da decisão simples e egocêntrica de seguir um apropriado caminho. Não aprendeu a espezinhar. Não sabe passar por cima ou destruir e por melhor que pareçam tais, apenas trazem consequências que não se podem ser consideradas positivas no dia a dia. Consola-se com um futuro ganho. Um futuro que raramente chega por esse tal de futuro ser totalmente desconhecido para qualquer ser vivente. 

Não são apenas imagens que rolam por seus olhos mas também música por seus ouvidos, quase que inconstante, trilha scorcesiana que não silencia, apenas restringe sua intensidade em algumas muito poucas situações. Deixando a dica para o futuro, talvez encontre por aqui um desafio: escutar apenas música o torna surdo para o mundo onde vive. 

Mas qual? Se já a partir dessa ideia de mundo se viu como melhor e insuperável, em que momento se convenceu que não podia sê-lo, passou a desejar a vida na caverna quando as sombras lhe eram completamente familiares. Sentou-se em seu canto privilegiado, ao centro, onde teria todas as informações possíveis sem distorções do que seria projetado. Faltaria porém áudio qualquer que não fosse do externo, que não fosse apenas gritos, crianças chorando, revoltas e abates. A imagem não se completa sem seu som próprio e um cérebro treinado percebe rapidamente a desassociação de ambos. Em mundo não conciso buscou a destruição de seu próprio. Estava disposto a se enterrar de vez em sua caverna com tantas projeções que o adormeciam o corpo e a mente. Buscava então o sentido de seu caos unindo o olfato, ou a destruição dele, a uma experiência ainda não conhecida e testada.

Alcançou. Destruiu... (Se houvesse aqui uma pausa em seus olhos que lêem, agora, contaria até dez antes de continuar). Como fôlego que se alcança na superfície, jogado em meio desconhecido passou a escamotear suas reais intenções entre seres em suas cavernas de menor profundidade, sobressaindo-se, ganhando um destaque falso de mente que manipula, de títere dos infernos, como filmes de terror que insistem em imagens inocentes transformadas e distorcidas para gerar susto nos espectadores. Brincava aqui, porém, com as vidas, e não obstante, com a sua, distanciando da saída de sua caverna cada vez mais, engolindo para dentro de sua espiral também outros que nada deveriam ter a ver com nada. Apesar de doído, insistiu em fazer o mal por algum tempo ainda.

Com o número sete recomeçou, enfim, como película queimada em projetor dos anos 50. Conseguiu arrancar-lhe a própria inércia e abandonar uma caverna, quando descobre que havia ido tão fundo que sua morada tornara-se um labirinto de túneis que apenas levavam a becos sem saída. Perdeu-se e perdeu o ritmo de sua passada. Contou a metragem de seus passos a cada dia, para se perder conscientemente novamente, em alguns finais de semana, em plano maquiavelicamente formatado para sobreviver com visitas esporádicas àquela caverna que passou a ser tão sua, que fazia falta. 

Mas agora já tudo isso é passado. Hoje busca. Com impulso de continuidade, levanta-se e ainda procura algo que talvez tenha ficado há tanto tempo que já não se conhece. Epopeia que se consolida em trilogias, apenas uma força o carrega como responsabilidade de criação. Não abandona essa vontade de se perder, essa mania de enganar a si mesmo sobre suas necessidades de existência. Edita seus fatos e aguarda ainda o clímax romântico onde na chuva os corações se felicitam eternamente. Ainda acredita na falta de um que se entregue e o complete. Deixa então de ser cerebral, observa o tamanho do universo e se depara com sua maior fobia: a insignificância.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Updated!



Das minhas maiores dificuldades, uma é entender as teorias do tempo cíclico. Minha força de vida é tanta desde que me entendo por gente, que não cabe em minha cabeça pensar que posso já ter escrito essas linhas ou que as escreverei ainda de trás-pra-frente, ainda com o mesmo sentido que me parece agora lógico. Lógico agora parece(rá). A mim aparece, ainda que saiba da realidade de não ser físico, nem tampouco escritor estudado, que o tempo é apenas um e, como dizia Vinicius, não se engane, amigo, pois a vida é uma só.

Completar um ano porém, corresponde ao fechamento de um ciclo dentro de um tempo que entendo como linear e, como um bom otimista, evolutivo, desenvolvendo-se em um sentido ainda desconhecido ou talvez, que ainda não tenha sido categorizado pelo homem, em uma convenção que provavelmente apenas ele (nós) entenda. Explico: tempo, espaço, terra, água e mar, nomeados semioticamente a partir de uma linguagem desenvolvida pelo ser humano e que a partir de nosso ponto de vista faz lógica, mas ao mesmo tempo, tal lógica pode não existir, não ser necessária, ou ser incompreendida por qualquer outra que exista no universo, se ainda há algo nomeado com sentido parecido como lógica. A verdade é que tudo o que conhecemos, apenas nós conhecemos, uns mais, uns menos, alguns completamente ignorantes de qualquer conhecimento. Estamos sozinhos em tais lógicas, pois até aos animais e plantas, os únicos outros seres vivos do planeta, a lógica parece ser diferente e não compreendida de nossa mesma forma ou talvez nem necessária em suas existências, se é que ainda existe alguma necessidade de entendimento. O existir é necessário ao homem apenas, como a lógica, a curiosidade, a linguagem, a comunicação.

Voltando ao fato da questão/convenção cíclica humana, necessidade de descobrimento de alguma função inútil perante o universo, tempo e espaço, o que realmente quero discorrer por aqui é um processo evolutivo pessoal, meu, que me leva a escrever tais palavras ainda com sentido desconhecido, talvez importantes em um futuro incerto. Quero entrar em emoções e descrever como minha passagem para os 35 anos me levou à simplicidade de entender a palavra que nunca fez algum sentido para mim (nem em convenções humanas sem importância) nomeada de "parabéns" e recitadas em nossos aniversários. Pelo quê, eu pensava, por envelhecer? Por magoar? Por errar a cada dia? Por ser nada perante o universo, menor que uma célula em relação ao corpo? Por permitir, talvez, a fome que acontece, por não me rebelar contra as guerras, por não mudar o cenário mundial, sendo que tantos exemplos já foram sacrificados como mudanças de paradigmas há tantos anos e anos? Pelo que se parabeniza exatamente, alguém que fecha mais um ciclo convencionado pelo romanos ou por Copérnico após a quantidade exata (com exceções a cada 4 anos), de 365 dias?

"And then, it hit me". Como uma flecha acordei (de noite mal dormida) e fui atingido pelo entendimento deste sentido, recebendo mensagens, ganhei presentes tão caros (no sentido real não-financeiro), palavras tão especiais, abraços inesperados, queridos, novos, desconhecidos. Não me fugiu a comparação imediata com o ano passado, e com outros anteriores, principalmente os quatro últimos, onde a insegurança dominava meus passos e minha vida caminhava sempre atrelada à alguma outra necessidade externa à mim, externa à estar apenas comigo. Apesar de sentir como epifania, não foi um caminho ao acaso. Sair da zona de conforto, me obriga a ser sincero comigo mesmo, me obriga a investir em quem deseja estar perto, buscar quem se perdeu em distância mas não em importância, controlar minhas vontades em prol de necessidades. A evolução se busca e se conquista, não acontece apenas. E aí está o sentido de tudo em verdade, ainda que o objetivo seja incerto: apenas buscando tal caminho existirá a possibilidade do entendimento de qualquer sentido de tudo, ainda que não neste ciclo que se inicia, ainda que não no meu tempo de existência. Ainda que não por mim. Conheci muito de mim ainda através da indiferença de outros, da exclusão, da falta de respeito, de brigas e discussões, de términos e inícios sem o menor sentido de acontecimento. Não foram apenas dias fáceis, aliás, não tem sido. Mas especialmente nos dias mais difíceis, se apertarmos um pouco nossos olhos e enxergarmos minimamente a partir do ponto de vista da finitude de tudo, do gigantismo do universo, conseguimos balancear o que realmente nos importa a todos sem exceção, os pequenos momentos e carícias e conseguimos então, ampliar tais momentos, tornando-os a maior parte da vida, tornando-a estritamente essencial.

Felicito-me por perceber tal caminho, entendo tal convenção hoje, para tal. Parabéns! À todos que buscam ser dentro do que se convenciona, um ser humano melhor. E agradeço, aos que rejeitam e aos que amam. Ainda que deseje me unir mais aos que amam. Incondicionalmente ainda melhor. E roubando do Caio, por indicação de um novo abraço já tão especial nesse pequeno tempo de co-existência: "Que seja doce".

sexta-feira, 13 de março de 2015

Posições e posturas




Sem saber como se posicionar? Tente essa: de quatro enquanto uma grande águia está por trás apenas esperando para descer de seu primeiro mundo e devorá-lo(a) de todas as formas conhecidas e algumas que serão, também, novidade. 

Analisemos rapidamente "a parada". Que de bobo só tem o povo e, penso por que tal massa seja ignorante desde a idade média, ou Jesus, como ser inteligente em massa? Seria impossível ter uma ideologia única, algo realmente unificador? 

O início do pensamento é esse: os pensamentos se individualizaram cada vez mais. Engraçado dizer isso sempre que ouvi dizer de meu pai e, realmente apenas hoje, entendo o real significado. 

Então que um ator vai ali e fala um absurdo, uma postagem sobre um movimento daqui, um impeachment impossível de ser realizado acolá e uma manobra muito próxima do golpe de estado governo JG nos anos 60 me dá o start, a necessidade de escrever algo, escrever o que eu penso, o que eu acredito, o que eu acho certo. Mesmo sabendo que o que desejo escrever seja sobre os individuais quereres, aponto sobre mim primeiramente o dedo do meio. 

Pois que se convenha de uma vez, dentre tantos interesses, qual é o certo? Acúmulo de capital, garantir as gerações seguintes? Dividir o pão ainda que quem o fabrique ganhe mais do que quem come? Assistir a novela ou o futebol e talvez encher a cara de sua mulher de porrada por causa da discórdia? Inscrever um nome (que apenas outros de nossa espécie nos reconhecem) em um tempo-espaço tão minúsculo que faz Einstein sentir vergonha de ter descrito a teoria da relatividade? E ainda, por que estariam os outros errados ao quererem tais conquistas que me parecem execráveis? Afinal, hoje duvido de meus pensamentos, hoje me duvido, me exponho, me conheço, pois também existe em mim aquela pequena corrupção, aquele momento também de escrotidão e desejo de continuidade da espécie em berço esplêndido (preferencialmente de ouro). 

O mundo "vive" um choque de tribos que não deixaram de crescer desde o dia "1" de existência. E que encontrou na invenção da rede social uma sala lotada de gente de fácil manipulação. Gritos de todas as lamúrias, agonias e pensamentos. Imagine a velocidade das postagens de uma rede social com 500 participantes. Imagine tais participantes em uma grande sala física, falando de mais diversos assuntos sem saber se alguém os escuta, ouvindo música, conversando paralelamente, dando presentes, felicitações de aniversário, jogando jogos, gerando movimentos, conflitos, colocando a maioria contra a minoria e vice-versa. Isso é para mim a atual configuração de uma grande rede social: um governo anarquista, virtual e completamente desorganizado. De repente aparecem duas correntes fortes, através da força do dinheiro, ambas sujas e ambas culpando a outra, ambas pensando em suas únicas e exclusivas necessidades.

Quando tantas culturas e formas de pensamento passam a se influenciar, a se misturar, a invadir o espaço (físico e virtual), como então definir o que é certo e o que é errado entre tantas beneficies e condenações de todos os lados? Pela águia que atenta espera sua nova posição, o que importa é que alguns poucos vivam bem. Muito bem. Seres "livres" dentro da sua escravidão comercial. Para algumas partes do lado que já foi chamado de oriente como algo elogioso, o que importa é sustentar uma memória falida, de tornar o grande herói da humanidade, inscrever na história suas aquisições lutas e orgulho pela morte. Em outras partes daquele lado (aquilo sim é uma zona), crianças (que tiremos o caráter romântico da pouca idade mas coloquemos o conceito da impossibilidade de auto-defesa) são assassinadas e suas cabeças cortadas divulgadas via internet. [Ta aí uma invenção útil à guerra covarde do oriente médio por um pedaço ridículo de terra que na verdade não pertence a ninguém.]

Todos porém, acreditam realmente em suas filosofias e quem sou eu para negar-lhes a crença? Convenhamos, as minhas apenas são minhas, nada mais. O que as difere de quem acredita que a vida não vale nada, enquanto para mim nem vale nem "des"vale ou pra outro vale mais do que a sua própria?

E aí tem também os bananas. Sim, não somos os macacos, somos os bananas. Macacos balançam-se em cipós, são fortes, libertados sexualmente, inteligentes e, normalmente quando não estão depredando Nova Iorque (em algum filme cuja produção resolve o problema da fome de um país  do continente africano), dormem bastante e tem uma vida de dar inveja. Nós nos enfiamos em nosso trânsito, depois em um prédio/casa, para depois sair para o trânsito e voltar para outros prédios/casas para dormir e começar tudo novamente no dia seguinte. Matando a nós mesmos e ao ambiente ao nosso entorno. Bananas. Alguns são bananas mais bem acondicionados, outros entregues à podridão pelos outros bananas. Mas o pior banana é o que deseja isso para sua vida com mais frequência.

Mais outra frase de papai que, parodiando Brecht, me dizia aos 12 que o homem foi feito para cagar, comer e trepar. Essas aspirações históricas, de acúmulo de propriedade (um conceito completamente imbecil dado que somos parte todos de um mesmo algo que ninguém até hoje claramente entendeu), ou fama eterna (malditos gregos! não sabiam que o universo tem bilhões e bilhões de anos), ou lutar e matar em nome de um ser imaterial, inexistente para se agarrar à necessidade de não ser nada, não passam de ridículas suposições em um mundo que apenas existe para nós, que uma outra forma de vida e inteligência nem é possível ser imaginada dentro de nossa limitada mente. 

Coloque-se o justo na mesa, em qualquer parte do hemisfério. O que é para um deveria ser para todos, obviamente se pesca, ensina-se a pescar e pesca-se junto. Ciclos que deveriam passar por idades e não especializações (tribos funcionavam assim por séculos felizes, não?), conhecimentos mais simples e mais diretos sobre a sobrevivência hoje e continuidade da espécie para daqui a 50 anos. Porque, vamos combinar, as soluções estão aí! Momentos de inteligência real humana. Temos sim a possibilidade da reversão da imagem de um ser que vive como um vírus uma célula do universo. Temos sim a consciência em alguns de uma radical transformação necessária para aumentar a sobrevida de nós mesmos (isso não é absurdamente lógico?), mas dentro da regra mundial, o que garante que estejam certos?

Felizes são os animais e plantas que vivem com a consciência tranquila por não se destruir, por não destruir seu próprio habitat, por não viver com essa sede de ser eterno. Para mim não há nada mais egoísta e sem sentido, mas se sou só eu, podem me crucificar porque dentro na minha partícula-consciência de partícula, conscientemente de quatro não ficarei.

Ah... eu estava falando do golpe. Stay tunned!

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Pela real função da arte

Poderia ser bem direto ou falar um monte de groselhas. Pois optei pelas groselhas.

E na base de tudo está a opção, já dizia no Matrix. Não apenas uma opção de caminho de alma, mas também uma opção nas pequenas coisas do dia a dia, na compensação do efeito borboleta e do entendimento de que pequenas ações atingem grandes objetivos ou podem inclusive ter o efeito contrário. O "Neo" de todos os dias somos nós e uma vez optando por sair da ignorância como faz o herói ao percorrer o caminho de Campbell, encontramos o irmão com que devemos lutar do Bhagavad Gita, prisioneiros do mito das cavernas (o plural é proposital uso do momento), Zaratrustas pelos montes e montanhas e então o mais honesto que se pode perceber é que a única coisa que resta é a dúvida. Em verdade, esta é a certeza.

Duvidar significa instigar e explorar. Duvidar significa conhecer, se distanciar do estado de ignorância (que antes que se ofendam, significa desconhecimento neste uso).

Ao se pensar em pirâmide social, então durante a busca da iluminação, duvida-se da necessidade da formação de castas como sendo justa e então guerreia-se com seus mais profundos desejos (um herói vive muito bem em miami beach, já foi ficcionalmente provado) para que a pirâmide passe a se tornar uma linha horizontal.

Fácil para quem está embaixo? Muito simples não trabalhar e alcançar o topo da pirâmide (ainda que o conceito de pirâmide não esteja ligado ao de linha horizontal por terem diferentes naturezas)? Mas não é o que se diz, e novamente, para encontrar a verdade, iniciará um novo estágio de desligamento da ignorância.

Meu entendimento da função artística é a contruibuição para o início da jornada do abandono da ignorância. Parece muito complicado, mas não é. A arte já foi fundamental em decisões práticas da vida cotidiana. Por exemplo: o teatro surge como um ritual de interpretação de sonhos, ou seja, clarear o significado de um sonho é o início da jornada contra a ignorância a respeito daquela noite bem ou mal dormida.

Misturando os mundos, a arte abandona esse poder divino que recebia para passar a ser mero (como dizem) entretenimento. Eu discordo em partes, de mim mesmo, afinal o que acontece é um aumento gigantesco de bobos da corte, o que nada poderia ser considerado como arte, apenas como bobice mesmo.

O que é novo para mim e me leva a escrever? A cara de pau deste sujeito da fotografia e ainda de outros comparsas que se auto nomeiam como artistas, mas que devem ser muito bem diferenciados pois são apenas bobos da corte, tirando que estes ainda entendiam o conceito de fidelidade para com o seu governo.

Escondem-se atrás de costa quente, e estão certos de fazê-lo. Eu mesmo daria razão a uma polícia que o repreendesse ou uma censura que o trancasse. Compactuar contra o governo nunca foi nem jamais será função de um artista. Incitar derrocadas dentro de um processo justo de democracia, alimentando cada vez mais as mentiras que já são tão insistentemente descarregadas na mente de quem já nem aguenta e só queria que este período passasse de vez.

Lá em casa eu insisto: não deem ibope a esses reacionários e não é de hoje que falo que estes demônios emitem o vírus da ignorância na sociedade. São a mais requintada ferramenta de controle de massa atual. O pensamento em resposta sempre é de que "uma TV apenas não faz diferença". Pois faz.

Vejam! um artista falido, um comediante de quinta, que ainda tem a impáfia de ofender a presidenta da republica, de ofender um governante eleito por voto popular, ganho justamente, através da mesma eleição que instaurou uma câmara absolutamente retrógrada e deu ao governo estadual de São Paulo mais quatro anos de atrasos e descaso com a população.

Percebamos que apenas o ódio os motiva, o ódio do mau perdedor. Ódio que outros lados não tiveram com o mesmo resultado. Ódio que os faz mentir e convencer de sua mentira, pois eles mesmos não sabem ser mentiras, pois estão ainda no estágio da ignorância.

Espero com todo o meu coração que em todas as casas se desligue a televisão na cara dessa doença que se tornaram os programas de auditório e comédias xinfrins. Afinal, hoje já existe netflix. Opte!