segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vômito Sináptico

Chegou o dia e para que esse dia chegasse eu mesmo não poderia esperar por ele precisei esperar que algo acontecesse que fosse mais forte do que minha vontade de escrever apenas para que o pensamento se expressasse livremente sem que eu o prendesse ou censurasse de alguma forma ou de outra que não ficasse uma babaquice ou uma encheção de saco de como a minha vida é ou não é o que eu quero que ela seja ou como eu gostaria que ela fosse pois já não tenho o controle dela ou pois eu decidi mesmo que inconscientemente há muito tempo atrás deixar de ter o controle dessa mesma vida. Tentarei como foi prometido não deixar a minha própria censura vir à tona, meus dedos descorrem sobre o teclado e tento nem olhar à tela do computador para que meu cérebro não ceda à tentação de mudar uma palavra ou outra, com a intenção de corrigir uma frase de me tornar mais inteligível, de me tornar compreensível aos olhos de vocês leitores, que como foi dito em outra publicação eu pensava nem existirem e de repente, para minha surpresa, passei a ter comentaristas, passei a ter um fiel seguidor um amigo de longa data que não vejo há muito tempo mas que por algum motivo, motivo esse de largar o controle de nossas vidas, viemos a nos encontrar em dias ensolarados e dias tristes e felizes, dias de crises e dias de engrandecimento e aprendizado. Amigo anônimo que sabe a quem me dirijo não tão anônimo pois és meu único seguidor peço-te desculpas mas não posso simplesmente frear o pensamento, como proposta é aqui que devo colocar por determinado tempo tudo que me vem à mente e vem também ontem o dia que passei depois de ver meu time perdendo vergonhosamente numa disputa entre brasil e europa, o que estava em campo não era santos e barcelona mas a hegemonia européia, colonizadora contra o colonizado terceiro mundo pequeno que mau tentava roubar uma bola apesar de que em matéria de roubo somos muito mais evoluídos pois para cá foram deportados os piores de lá, os que não correrram do processo de caça no continente africano, os que sabiam como dar um jeitinho e buscaram uma vida nova no processo migratório das guerras primeira e segunda e aqui enriqueceram todos, subjugando os índios, escravos, e outros menos espertos ou mais bobos, ou que viam a vida de forma diferente. Há tempos, nem os santos tem ao certo a medida da maldade vem à minha cabeça esse trecho da música da legião, vêm à minha cabeça o significado de ser de uma legião, que sempre fui da legião um fã, mas fui da legião um legionário? Acabamos seguindo os passos dos nossos ídolos cegamente, e tão inconscientemente que repetimos suas vidas... meus heróis morreram de overdose e quase que "eu" também, não deixa de ser verdade, e não deixa de ser verdade que após a vergonhosa humilhação da hegemonia européia, mesmo em crise econômica que me leva a crer que é quase fachada para alguma nova manobra ditatorial como passou a europa na época do segundo reich não podemos esquecer como sempre está tão fragilizada economicamente a europa ao inventar as suas ditaduras e matar milhares de pessoas ao seu redor, sair matando matando desculpa que nem nós que matamos pelo descaso ou pelo desamor e nem os Estados Unidos que mata pelo simples prazer ou pelo eterno desejo de vingança pela inconformidade de ser ainda um país colonizado (na minha opinião eles queriam ter se auto-descoberto), agora faltam palavras para continuar, mas continuam, o raciocínio é assim, entra, vem e vai, pára, mas claro, não no estado meditativo, no estado da dispersão, mas retomando, após a partida vergonhosa, eu santista precisei reafirmar os meus valores então me entranhei durante quase toda a tarde em uma longa partida de video game com "O senhor da Guerra", onde muito sangue voa, pancadas, armas e toda a minha raiva é colocada para fora, raiva do que, pode-se até ser pensado, mas guardo dentro de mim coisas que nem são minhas e ontem pude após essa longa partida ver refletida a obra de arte pura em um ensaio, algo tão simples que me tocou de forma tão profunda que a segunda obra que vi, já acabada, em formato de espetáculo não condizia com o que talvez eu acredite como obra de arte teatral e aqui entramos no momento do meu pensamento mais complicado pois quem sou eu para falar algo, apenas um mero espectador com longos anos de cadeira. Assiti muito teatro pois para quem me conhece sabe que meu pai é diretor teatral e desde os quinze anos me foi dada a oportunidade de atuar em cena ao lado de profissionais que eu sempre admirei mas o que eu vi ontem foi além de tudo foi como se um pintor de faculdade fosse ao louvre e sentisse que poderia estar ali um dia porém ao voltar para si, ao sair daquela sensação o pintor lembraria que tem na verdade que passar de ano, tirar suas notas, e isso é obrigatório, não é simplesmente deixar de estudar na faculdade como o leitor pode pensar e se dedicar a pintura, pois se ele pudesse é o que faria, mas outras coisas dependem de seu estudo, e eis que o ensaio começa justamente com isso eis que justamente "eles", como dizem os atores, ditam o que vamos fazer e como vamos fazer e já não podemos fazer o que queremos ou quando queremos ou da forma que queremos no meu caso tinha dado por final minha carreira como ator, e eis que entra em cena um ator que tem dado por final sua carreira de ator e durante todo o tempo do prólogo os outros dois atores o convencem a continuar o ensaio, a não desistir de sua carreira, a não deixar de lado seus sonhos, suas vocações. E foi assim que as ideias entraram na minha cabeça e a vontade de mandar pelos ares as responsabilidades da faculdade foram aumentando, mas depois... escapa o pensamento depois a gente sai do teatro percebe que era um ensaio, uma peça qual é a responsabilidade de uma obra de arte, ate onde eles podem se responsabilizar pelas minhas escolhas ou até onde posso eu responsabilizá-los pelas minhas escolhas. A verdade talvez seja que nós nos censuramos em nosso pensamento sendo impossível realizar um vômito sináptico totalmente sincero, a não ser naquele breve instante em que acordamos e ainda não temos consciência do nosso dia, da nossa vida, ou do que realmente abrimos mão todos os dias todos os momentos em nome da sobrevivência diária só posso me afirmar como Ator sou sim um ator mas ator brasileiro não ganha não se sustenta de sua "arte" não sobrevive não paga pensão aluguel conta de luz conta de gás celular gasolina. Ator brasileiro tem que ter emprego. Hoje tenho um e não posso simplesmente gritar pelos mais fracos "Palestina!!!!" e correr pro palco mas também sei que posso ainda fazer mais do que faço. Vômito sináptico título doado por um amigo (hoje amigo), praticamente familiar, será continuado, pois entrou na minha cabeça... faço-o todos os dias a todos os momentos, pensando sobre a vida. Se tornou um estudo filosófico sobre minha posição do mundo. Coloquemos que hoje consegui completar 60% da minha meta. Aguardem. Mais virão.

3 comentários:

Marco Antonio Rodrigues disse...

Eu te amo!!!!!!!!!!!!!!


É comum a gente sonhar, eu sei, quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
E assim chorando acalentar o filho que eu quero ter

Dorme, meu pequenininho, dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho de tanto amor que ele tem
De repente eu vejo se transformar num menino igual à mim
Que vem correndo me beijar quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim
Dorme menino levado, dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar num acalanto de adeus
Dorme meu pai sem cuidado, dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter.

(Vinícius de Moraes / Toquinho)

luciene disse...

Nossa, tantas diferenças nas nossas estradas e tantas visões similares...Continue vomitando, ZECA, isso cura a gente...(pelo menos quando estamos de ressaca rá, brincadeirinha). Bjo e feliz ano novo.

luciene disse...

Continue vomitando, Zeca!!! Quero te ler mais.