segunda-feira, 17 de junho de 2013

Eu, luto!

Esse é um daqueles momentos que se deseja tanto chegar mas que se aperta o ... quando chega.

Sem sentimentalismo babaca, tenho receio do que pode ou não acontecer. Ainda que haja dito que nada acontecerá, que não haverá gás ou borracha, não confio. Pois se o motivo é ir pela não confiança, por que eu confiaria no modo de ir?

Eu ainda não havia me envolvido. Na mente pequeno burguesa, acreditava que nada adiantaria gritar por um reajuste, já que não se ouvem mais gritos, pelo motivo da ideia imbecil de que se gritaria para qualquer coisa a partir da escuta da primeira. A repetição de "Pedro e o Lobo"?? Vamos e venhamos, o governo é uma ferramenta popular, deveria ser pelo menos. Porém, mais do que o pequeno indivíduo a organização governamental se tornou absurdamente contraditória. Invadem a paulista para que esta não seja invadida. Hein?!

Então eu vou ouvindo as opiniões. Algumas concretas, de postura eterna, da minha mãe com 61 anos que vai à passeata mas não é considerada idosa pelo estado apesar de ser pela prefeitura (Assimilem que ela não paga ônibus, mas paga o pato). Do meu pai, o maior ativista que conheci até hoje que ao chegar de Portugal um dia após os eventos ridículos que aconteceram quinta dia 13, ficou impressionado com a situação do país. Opiniões de céticos são divertidas por se tornarem alienadas: "você luta pelo quê?" - me pergunta um. E ainda há das cabeças pensantes atuais que confirmam "O que é a Paulista para ser algo tão protegido por um exército, senão um local público?". Outra opinião se forma que eu deva ter cuidado por ter um filho, porém, que cuidado teria eu com meu filho aceitando que seu futuro seja tortuoso como meu presente? A luta me faz ser pai, pois também luto pelos direitos dele.

Pela primeira vez, uma situação política está em todas as esferas da sociedade. Não estamos discutindo o futebol no meio de uma copa, e isso é um grande avanço. Não é um movimento da USP e sim das redes sociais, o que mostra outro grande avanço. O mais delicioso é, porém as grandes máscaras de grandes redes te televisão caírem com depoimentos preconceituosos de seus apresentadores e comentaristas políticos, que um dia foram dos que iam para a rua e hoje analisam tudo como baderna e vandalismo. Desses se faz questão de citar nomes. Datena e Jabor, formadores de opinião ainda que mais estúpidos sejam seus contratantes, está na hora do sumiço

Como um relacionamento esgarçado porém necessário, a população tende a se prender com promessas falsas (ainda), mas há quem gostaria de lhe abrir os olhos. Organizações anônimas tem esse trabalho. Nos colocamos contra o governo que nós mesmos construímos ao longo de mais de 500 anos, porém agora, a palavra "liberdade" ganha outro peso. Como diria o historiador é importante olhar para o passado para evoluir. E no passado da ditadura, da repressão, do assassínio, ninguém mais quer voltar (penso).

Ainda assim, necessário é se discutir o futuro que se planeja. A briga é pelo que? Por uma política que aumenta o ônibus indiscriminadamente? Não. Ainda que esse fosse motivo suficiente, a luta é pelo fim da ignorância. Um grito de dor pelo fim efetivo da escravidão, onde o órgão público reconheça ser prestador de serviços e não ditador de morais. Chega de ser cordeiro! Chega de ser abatido! Chega de ter refeições com sangue na televisão. Chega de comprar por comprar porque a televisão diz que é legal! Não pode existir domínio sobre raças e muito menos sobre a mesma raça.

No espetáculo que opero luz e som atualmente, humildemente para tirar o dinheiro de um cinema, a mensagem chega em pequena escala, na fala de um cão: - "Eu poderia ser qualquer animal, menos humano. Os humanos matam entre si, e nem para comer é".

Caso algo de mal aconteça, deixo os meus (nenhum) bens a ninguém, pois até hoje por falta de reconhecimento governamental, minha profissão não é profissão. Meu trabalho é não remunerado. Logo, meus bens, são os corações que me acompanharam até os meus 32 anos.

Caso algo aconteça, deixo meu amor eterno à minha cria, minhas tentativas de ensinamento aos que tentam me seguir, meu cinema para o mundo, meu enorme agradecimento aos meus pais, amor incondicional à minhas irmãs, familiares e à história de todos os meus amores. Deixo ainda a tristeza de que, se morrer assim, não valeu a pena ter vivido.

Gratidão pelo mundo, e todos que convivem nele. Evoé!

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