quinta-feira, 1 de março de 2012

Já não me importo com quantos paus se faz uma canoa, pois com apenas um se faz um baita galo na cabeça. Nem é preciso o pau, palavras ferem mais do que qualquer madeira, cano ou material que possa ser usado na violência do dia-a-dia. Por isso a guerra das palavras é eterna. Num poema de Vinícius de Moraes, explendorosamente fiquei perplexo quando ele narra amar a bomba atômica e me identifiquei com os versos "Tua enérgica poesia/ Fora preciso, oh deslumbrada e fria/ Para a paz?". E refleti alguns minutos diante de tal imagem que não vi, mas assisti em documentários, retrospectivas e arquivos sobre a tal bomba, imagem tão agonizante que é a explosão de apenas um átomo provocando uma reação em cadeia que destrói tudo e todos que encontra no seu longo percurso. Mas do macro ao micro, a palavra também já diziam os budistas, os católicos, os sacrílegos, tem o mesmo poder, mas creio que dentro do pequeno (comparado ao universo) cérebro humano. Não tão pequeno quanto o átomo, mas talvez a reação seja como a do mesmo, em cadeia, que destrói o que vem e provoca reações incontroláveis que podem ser vistas no mundo com mais frequência de forma pública graças aos sites de relacionamento, que deveriam ser chamados de sites de curiosidades e de denúncias, para talvez chegar melhor à definição do que são esses "pontos de encontro". Ferramentas subversivas e revolucionárias se utilizadas com inteligência e propósito, mas também, lugares para se esconder o seu eu e sermos fantasmas de nós mesmos, vestirmos máscaras que não somos do que desejaríamos ser. Sem fugir do tópico principal, reflito e proponho a reflexão do poder da palavra. Em mim, sei quão poderosa ela pode ser e o quanto me desetabiliza uma palavra com má intenção, mas talvez ainda não saiba medi-la para não atacar outras pessoas. Não tenho plena consciência, com certeza, do que digo, da mesma forma que escrevo, pois ao falar não posso voltar atrás, apagar e reescrever. Então que possamos nos tornar menos surdos para nos tornar melhores oradores. Quem sabe assim o poder de nossas bombas atômicas do dia-a-dia não diminui e não possamos viver mais em paz?

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