quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cinema e afins



Talvez tenha sido a proposta da imposição de um tema, que tenha se instaurado um longo período de silêncio em relação às postagens desse blog. A paixão é inegavelmente cinematográfica no atual momento de vida, e assim sendo, a proposta de falar sobre cinema foi um pouco além do blog e se instalou como prática diária, acarretando em ações profissionais como a retomada de um projeto de 3 anos atrás em se fazer cinema coletivamente. Provavelmente quem ler este post já deve estar minimamente familiarizado com a ideia do Coletivo Cinema Digital. Núcleo de criação cinematográfico que desenvolvi no passado em três ambientes diferentes: um grupo teatral, uma oficina pública e uma oficina particular. Agora, estava no momento de passar para a independência e se estabelecer como o primeiro grupo de cinema de São Paulo. A ideia não é original, pois processos colaborativos já aconteceram e ainda, formaram-se parcerias durantes anos na história do cinema entre diretores / atores / diretores de fotografia / arte, etc. E o que se observou foi exatamente o mesmo resultado de um grupo teatral que mantém em sua base criadora os mesmos profissionais trabalhando durante anos conjuntamente. 

E então é aqui que os dois universos se encontram e o que busca propor como originalidade do CCD. 

Primeiramente, estudando o início de um grupo teatral encontra-se uma fase de conhecimento entre os integrantes, correspondente a uma pré-história, para então chegar-se a, após alguma carreira amadora, profissionalizar-se e seguir carreira independente. Talvez esteja no sentido econômico o que realmente diferencia um grupo amador de um grupo profissional, ou seja, uma categoria proporciona a sobrevida de seus integrantes, enquanto que a outra apenas um grande espaço de aperfeiçoamento, sem garantias, e onde normalmente o dinheiro anda na direção oposta, pagando-se para trabalhar. 

Passar pelo tempo do amadorismo então, nos é sim um objetivo, onde podemos nos aperfeiçoar (aqueles que são da área) e ao mesmo tempo buscar o conhecimento para a formação de uma fundação sólida e que tenha em sua formação artistas como jogadores de futebol que jogam pelo time em que foram criados.

Juntamos então a base do grupo teatral (caminho a ser seguido) com o fazer cinematográfico (caminho a ser traçado) e como filosofia inicial, dois pontos apresentados na história do audiovisual. O primeiro refere-se ao discurso político, que vindo de nossas raízes cênicas (em muitos casos) nos foi dada uma visão de mundo de forma talvez um pouco mais torta e menos passiva. Nesse tópico, encontramos como movimento o Cinema Novo / Cinema Marginal / Boca do Lixo, que aqui categorizo como um só movimento pois estiveram ligados através da filosofia e também dos integrantes que eram sequencialmente tutores e seguidores, e ainda o Nouvelle Vague, de onde se inspira o Cinema Novo principalmente onde toca nosso segundo ponto: a forma de produção. Os quatro (ou dois) movimentos citados acima, tinham como proposta, orçamentos de baixo-custo buscando até em adversidades que o pequeno movimento financeiro causa, a criação artística pura. Quando houve a invenção do video-cassete, Jean-Luc Godard anunciou: "Em trinta anos, será possível fazer cinema com apenas U$ 10,00". Nos anos 2000, era realmente possível, apesar de o vídeo / digital ser utilizado desde sua invenção para registrar momentos felizes ou desastrosos da vida humana.

Aliamos o teatro e o cinema de uma forma possível de ser feita atualmente, de modo que evoluamos em nossas funções ou que conheçamos outras, de forma democrática mas que logicamente possui um pensamento organizador de liderança. Democracia não significa anarquia, embora hoje possa parecer, como prática de governo que a primeira seja tão utópica quanto a segunda.

A primeira produção está no forno. Buscando excelência sempre, mas em primeiríssimo plano o respeito aos seres humanos que se prontificam a caminhar através do conhecimento deixando particularidades de lado em prol da arte.

Um comentário:

Unknown disse...

Zeca parabéns pelo processo evolutivo que passa, e a feliz idéia de trazer uma boa mensagem a nosas mentes eternamente carentes de conhecimento essencial e necessário. Adorei sua publicação e empenho.