terça-feira, 7 de maio de 2013

Algumas palavras


Eu estaria mentindo se dissesse que sei como começar esse post e para onde ele se encaminhará na escrita. Porém, mentira. Verdade que é tudo brainstorm com tema simples. Palavra. Depois de ver um filme, também simples, chamado "Mil Palavras" com ator simplório, Eddie Murphy, passei a racionalizar e raciocinar a respeito da multidão de palavras que profiro todos os dias, seja de forma falada, escrita, pensada, representada. O oposto do vômito sináptico se coloca não como o pensamento sobre o que quer que se reflita, mas principalmente sobre o que se escuta.

No caso, uma árvore cresce em uma situação hipotética no seu jardim. Ela faz parte de seu ser, cresce e tem a sua idade e, quando começa a adoecer seu pensamento, esta também passa a perder sua folhagem, mas veja que maneira curiosa: uma folha por palavra, mesmo que esta continue sem ser proferida. O pensamento mais lógico ao se passar por uma situação tão comum como essa é : "não vou falar mais nada, para que eu não morra, pois ao findar as folhas terá fim minha existência". Mas o que se percebe em si com o silêncio é que o ser que estava a morrer era um ser velho que não escuta, logo não pensa, logo fala qualquer bobagem. Maior perigo esse de falar qualquer bobagem, ou para colocar de forma mais complexa, ao se deparar com uma porta não se pára para escutá-la, ou seja, quem fala demais perde a chance de também ser escutado, como uma avalanche de mensagens, cartas, postagens, que se receba da mesma fonte. A atitude mais comum é o bloqueio ao remetente. Na vida diária, sofrida, corrida, também se escuta menos referente à saturação de quantidade de ideias e, principalmente de pessoas vazias de conteúdo, que falam por falar e vão mais além pois não se escutam.

Estudando a necessidade do estudo, então, segue: falar menos acarreta a pensar mais que carrega um escutar melhor para si e para outros, elevando o mundo a uma potência fantasticamente evoluída, sem poluição e guerras. Não é assim, vomito que se aquiete! A comunicação é importante e está na bíblia o poder da língua ferina. A traição da denúncia vem da palavra quando deixamos de olhar para os nossos próprios rabos e passamos a cuidar do evento ao lado, nos obscurecendo da real responsabilidade firmada entre nós e outros. Ao pensamento final soma-se a questão de nascer, crescer, dormir, comer, transar, mugir, se faz tudo sozinho, então para que eu precisaria de outro ser humano, de contato, trocas verbais e discussões acaloradas? Pois não há certeza do mundo. As ondas chegam aos ouvidos que a descarregam no cérebro desde tempos muito idos, sendo impossível a constatação de uma sociedade muda ser completamente evoluída.

Ironias a parte, momento do pensamento real, o que se passa por aqui pelo menos não é a eloquência completa ou o silêncio oposto. O que ainda nos fará caminhar com nossas pernas é o poder da escuta que transforma tudo. Não apenas ter ouvidos limpos, mas escutar com o coração e com a alma. Esse mecanismo levanta o questionamento. Raciocine: ao escutar gera-se a dúvida. Escutar causa sérios riscos para a sua posição pronta do mundo, dirá o ministério das burrices crônicas. Sobre a música do Raul de pessoas que ficam sim sentadas em seus tronos olhando a vida passar, aguardando os alienígenas surgirem do espaço. Enquanto alguns se colocam em missões à distância, envolvendo a sobrevivência da nação, carregando o peso da mudança do mundo, o escutar vai ficando vazio, vai deixando de existir para uma geração de herois americanos que, olha só, também evoluem através da escuta (vide trajetória de Thors, Tonys Stark ou ingênuos e nada terrenos Clark Kents). Quem não está atento hoje é o espectador. É o pequeno trabalhador, o artista da fome. Todas as pessoas de grandes convicções não sabem de nada. Nenhum sistema governamental foi eficiente, nenhuma forma de império, república ou constitucionalismo resolveu os problemas de fome, miséria e superlotação do mundo. Por que não buscar uma prática individual dentro da abstenção das classes. Que sejam derrubados conceitos tolos. Que se abram sinapses como lei pelo mundo, brainstorms em multidões, faculdades de filosofia na esquina, porque no globo atual, seu melhor amigo espera atrás da porta com uma faca empunhada contendo todo o veneno que conquistou com a confiança depositada nele ao longo do período amistoso. Mostre a ele que está errado e serás o primeiro a ser esfaqueado.

Pois sim, é mais fácil não escutar. No mundo que vivemos bem mais fácil também ficar cego e para um ser desses que opta pelo caminho mais fácil, sem lutar contra a própria cegueira e surdez, tomara que lhe caiba o bom senso de nada falar.

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