quinta-feira, 20 de agosto de 2015

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Das minhas maiores dificuldades, uma é entender as teorias do tempo cíclico. Minha força de vida é tanta desde que me entendo por gente, que não cabe em minha cabeça pensar que posso já ter escrito essas linhas ou que as escreverei ainda de trás-pra-frente, ainda com o mesmo sentido que me parece agora lógico. Lógico agora parece(rá). A mim aparece, ainda que saiba da realidade de não ser físico, nem tampouco escritor estudado, que o tempo é apenas um e, como dizia Vinicius, não se engane, amigo, pois a vida é uma só.

Completar um ano porém, corresponde ao fechamento de um ciclo dentro de um tempo que entendo como linear e, como um bom otimista, evolutivo, desenvolvendo-se em um sentido ainda desconhecido ou talvez, que ainda não tenha sido categorizado pelo homem, em uma convenção que provavelmente apenas ele (nós) entenda. Explico: tempo, espaço, terra, água e mar, nomeados semioticamente a partir de uma linguagem desenvolvida pelo ser humano e que a partir de nosso ponto de vista faz lógica, mas ao mesmo tempo, tal lógica pode não existir, não ser necessária, ou ser incompreendida por qualquer outra que exista no universo, se ainda há algo nomeado com sentido parecido como lógica. A verdade é que tudo o que conhecemos, apenas nós conhecemos, uns mais, uns menos, alguns completamente ignorantes de qualquer conhecimento. Estamos sozinhos em tais lógicas, pois até aos animais e plantas, os únicos outros seres vivos do planeta, a lógica parece ser diferente e não compreendida de nossa mesma forma ou talvez nem necessária em suas existências, se é que ainda existe alguma necessidade de entendimento. O existir é necessário ao homem apenas, como a lógica, a curiosidade, a linguagem, a comunicação.

Voltando ao fato da questão/convenção cíclica humana, necessidade de descobrimento de alguma função inútil perante o universo, tempo e espaço, o que realmente quero discorrer por aqui é um processo evolutivo pessoal, meu, que me leva a escrever tais palavras ainda com sentido desconhecido, talvez importantes em um futuro incerto. Quero entrar em emoções e descrever como minha passagem para os 35 anos me levou à simplicidade de entender a palavra que nunca fez algum sentido para mim (nem em convenções humanas sem importância) nomeada de "parabéns" e recitadas em nossos aniversários. Pelo quê, eu pensava, por envelhecer? Por magoar? Por errar a cada dia? Por ser nada perante o universo, menor que uma célula em relação ao corpo? Por permitir, talvez, a fome que acontece, por não me rebelar contra as guerras, por não mudar o cenário mundial, sendo que tantos exemplos já foram sacrificados como mudanças de paradigmas há tantos anos e anos? Pelo que se parabeniza exatamente, alguém que fecha mais um ciclo convencionado pelo romanos ou por Copérnico após a quantidade exata (com exceções a cada 4 anos), de 365 dias?

"And then, it hit me". Como uma flecha acordei (de noite mal dormida) e fui atingido pelo entendimento deste sentido, recebendo mensagens, ganhei presentes tão caros (no sentido real não-financeiro), palavras tão especiais, abraços inesperados, queridos, novos, desconhecidos. Não me fugiu a comparação imediata com o ano passado, e com outros anteriores, principalmente os quatro últimos, onde a insegurança dominava meus passos e minha vida caminhava sempre atrelada à alguma outra necessidade externa à mim, externa à estar apenas comigo. Apesar de sentir como epifania, não foi um caminho ao acaso. Sair da zona de conforto, me obriga a ser sincero comigo mesmo, me obriga a investir em quem deseja estar perto, buscar quem se perdeu em distância mas não em importância, controlar minhas vontades em prol de necessidades. A evolução se busca e se conquista, não acontece apenas. E aí está o sentido de tudo em verdade, ainda que o objetivo seja incerto: apenas buscando tal caminho existirá a possibilidade do entendimento de qualquer sentido de tudo, ainda que não neste ciclo que se inicia, ainda que não no meu tempo de existência. Ainda que não por mim. Conheci muito de mim ainda através da indiferença de outros, da exclusão, da falta de respeito, de brigas e discussões, de términos e inícios sem o menor sentido de acontecimento. Não foram apenas dias fáceis, aliás, não tem sido. Mas especialmente nos dias mais difíceis, se apertarmos um pouco nossos olhos e enxergarmos minimamente a partir do ponto de vista da finitude de tudo, do gigantismo do universo, conseguimos balancear o que realmente nos importa a todos sem exceção, os pequenos momentos e carícias e conseguimos então, ampliar tais momentos, tornando-os a maior parte da vida, tornando-a estritamente essencial.

Felicito-me por perceber tal caminho, entendo tal convenção hoje, para tal. Parabéns! À todos que buscam ser dentro do que se convenciona, um ser humano melhor. E agradeço, aos que rejeitam e aos que amam. Ainda que deseje me unir mais aos que amam. Incondicionalmente ainda melhor. E roubando do Caio, por indicação de um novo abraço já tão especial nesse pequeno tempo de co-existência: "Que seja doce".

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